Pyrrhula murina

Pyrrhula murina, priolo, S. Miguel, Açores, Portugal, 27 e 28.12.2014
 

  

  

27 de dezembro, em busca do priolo

Fiz a estrada da Tronqueira desde as 9 da manhã até às 12h. Comecei do lado da Povoação, Labaçal. Nevoeiro espesso que até metia medo, visibilidade de 10 metros, às vezes menos, algum vento e escuridão, nem parecia de dia. Sempre no carro, consegui detetar por três vezes o priolo a vocalizar e consegui fazer uma foto que me parece de um priolo. Se o bicho da foto não é um priolo, pelo menos sei que eles estão lá e que não são mudos, a menos que haja para lá algum imitador-da-criptoméria a passar por priolo. Condução difícil, a lutar com uma climatização que não era muito eficaz com as janelas abertas (para ver alguma coisa e escutar). No para-arranca o motor começou a aquecer e acendeu-se a luz de aviso. Cada vez que parava formava-se tanta água do lado de dentro do pára-brisas como por fora. Montes de pássaros-silhueta a levantar voo da estrada, sempre tentilhões, ou pelo menos os únicos que eu conseguia identificar, excepto no Pico do Bartolomeu, onde havia algumas alvéolas cinzentas.

Nunca utilizei playback em prospeção. As três vezes que ouvi o priolo piar estava a conduzir e parei imediatamente. A primeira vocalização que detetei foi após o Labaçal, depois de ver umas escadinhas para a esquerda com uma placa do projeto Life. Só após ouvir o bicho a chamar é que fiz playback para comparar e avaliar a resposta. Não descobri nenhum priolo e o som pareceu-me distanciar-se a pouco e pouco. No miradouro da Tronqueira o tempo piorou mais, chuva e vento. A segunda vez foi depois do miradouro. Desta vez também não vi nenhum priolo, mas o pio triste continuou, pelo que tentei o playback. O priolo piou antes, durante e depois do playback, mas nunca o vi.

Num cruzamento encontrei uma seta indicando Pico Bartolomeu e tentei arriscar. Nem sei como é que consegui conduzir até lá acima e regressar. Que nevoeiro! Na descida ouvi o pio do priolo pela terceira vez, mas só vi tentilhões a esvoaçar. Puxei da máquina fotográfica e nesse instante um dos tentilhões voou para um ramo quase ao meu lado. Pareceu-me diferente, de voo mais lento ou mais pesado, mas todo o registo da aparência durou apenas aquele segundo em que o vi voar. Apontei a lente para a árvore e fiz um único disparo. Não voltei a ver o pássaro e a foto estava demasiado escura para perceber de que se tratava. Ao final do dia descarreguei a foto e puxei-lhe pelo brilho e luminosidade e deu aquilo que podem ver na foto em anexo. É um priolo ou não?

Se o priolo deu luta, então o Centro do Priolo ainda foi mais difícil de encontrar. Sabia que estava fechado, mas já que andava por aqui queria ver como era. Pois bem, devo ser muito cegueta. Indo da Povoação encontra-se uma seta para a Tronqueira, mas a partir daqui … há setas para a Mata disto ou o Pico daquilo, mas de resto muito pouco. No cruzamento com uma estrada alcatroada (penso que talvez para o Nordeste?) há uma placa que aponta o Centro do Priolo para trás (a placa está meio torta e meio solta por sinal). Na incerteza, ignoro e sigo em frente. Mais à frente encontro outra placa que confirma a minha suspeição anterior, pelo que agora retrocedo e avanço com confiança para a estrada de regresso ao Pico Bartolomeu. Acabei de perceber que as indicações estão postas para quem vem do Nordeste e não para quem vem da Povoação, via estrada da Tronqueira. Pela distância percebo que deve ser no parque onde já tinha passado, mas não encontro mais nenhuma placa. Por fim vejo uma tabuleta pequena em madeira para onde aponto os binóculos e … cá está, mais duas curvas no meio do nevoeiro e lá chego ao fim; peregrinação cumprida! Depois regressei à Povoação pela estrada da Tronqueira. Não cheguei a ir ao Nordeste.


28 de dezembro
 
Hoje de manhã voltei à Tronqueira e apesar do nevoeiro consegui ver e/ou ouvir 11 priolos. Atravessei a ilha de norte para sul, da Salga para a Lomba do Botão na Povoação, para ver como estava o acesso aos Graminhais, mas o nevoeiro era intenso, visibilidade de 5 metros.